segunda-feira, maio 11, 2009

Enquanto não pisco

Os olhos são

(o fascínio) 

do corpo


Quem olhar

(nos olhos)

verá brilho


E atrás do

(que faz o)

pensamento


Tem-se

(algo olhando da janela... deve ser)

alma

quinta-feira, maio 07, 2009

Cambaleio

Pisaram no mundo e encharcaram os pés de sangue. Nós, no sangue ainda morno. Gostamos de aquecer nossa frieza nas vísceras no outro. Deus está a ponto de vomitar, e saiba não prefere assim, humanidade que não fazemos jus ao nome. Jorramos, entre cortes, decepadas e mutilações. Tudo parece violência e raiva. Tudo parece vingança, e eu preciso chorar. Preciso chorar pro meu desengano descer pelo meu rosto contorcido de horror e salgar minha boca de espanto, e me dar alguma sede. O que eu fiz? Me sinto enganada por cada lance de olhar que faz brotar um paradoxo e eu estranho o mundo meu quintal. Nós somos os capazes de exageros, nós somos os covardes. Nós, porque a causa e o efeito estão atados. Tem cambaleio e tem a queda, que é da minha altura.

Tenho remorso da ordem, porque o reflexo já desarrumou o amanhã, como uma mão que falha em segurar um copo que caiu da mesa. Depois, o desânimo de não conseguir, o impacto e as trincas que partiram o inteiro. O caos, os cacos e o corte. A marca e o sangue que brota vermelho, e suja a fragilidade humana de verdade, e faz escorrer a vaidade na gota que desce pelo canto. Uma bofetada na consciência e a espera para ver a cor dos olhos. Sacode brusco o desespero, e os sonhos caem ao redor, muito frágeis. Sonho de calçada que não é casa, sonho de casa que não é prisão, sonho de prisão que não é quem mora dentro, sonho de quem mora dentro ter coração. Sonho de coração, que é sangue bem empregado. Sonho de sangue bem empregado, que é Deus. Sonho de Deus, que é abonitar esse ferro fundido. Tem cambaleio e tem o fôlego, que é do tamanho do infinito.