quarta-feira, abril 18, 2007

O jeito Dele

"Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante de adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles testando-o, para terem de que o acusar. Mas jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra. E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até os útimos..."

João 8.2-9
Perfeito.

terça-feira, abril 17, 2007

À pedidos...

[do Seu Augusto]
Conheci o Seu Augusto na Praça da Cruz Vermelha. Ele me ensinou uma coisa que eu julgava saber. Entre piadas, histórias nostalgicas, desventuras e um conto num papel rasgado, eu realmente entendi que não importa o ter (ou o não ter), importar o ser. Porque ele não se importava em não ter, ele não tinha um monte de coisas. Ele se importava em dar o que era. Ele me deu esse conto que tá aí em baixo. Mas por possuir mais do que isso, me deu ele mesmo, o jeito de estar feliz não tendo, apenas sendo. Lindo isso. E eu quero viver assim também, nessa coisa de ter o que se é, e dar o que se tem...
"Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora , tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" Gálatas 2:19b,20
Pode-se levar uma vida inteira para construir uma reputação que pode ser destruída em um minuto. Dona Madalena Khan dedicou toda a sua existência ao ensino, fundou duas escolas consideradas modelos, o “Chapeuzinho Vermelho” e o “Gink”, onde hoje estudam quase dois mil alunos. Tinha sua imagem, a “Tia” Madalena, como a chamavam, venerada, não só pelos alunos, pelos pais, pelos professores, por quantos reconheciam nela uma figura ímpar de educadora e lhe agradeciam a generosidade e o idealismo.
Tia Madalena faleceu aos oitenta e poucos anos. Todos lamentavam a sua morte. Antes, evidentemente, de saberem do seu testamento. Nele, Tia Madalena determinava, para espanto de todos nós, que os dois colégios fossem extintos. Sumariamente, sem maiores explicações.
Que motivos teria uma educadora como ela para condenar dois mil alunos a ficarem sem escola? Para deixar centenas de pais atônitos, sem saberem como dar continuidade aos estudos de seus filhos, numa cidade tão carente de bons colégios, onde o ensino de modo geral, é tão deficiente (e não por culpa dos professores)? Será que Tia Madalena, ao redigir seu testamento, não pensou no mal que ia fazer a todos que a amavam e se julgavam amados por ela? Porque ensinar é um ato de amor. Ou não? Será que Tia Madalena, durante décadas e décadas de dedicação, educando gerações e gerações, foi, ao contrário, acumulando ódio à tarefa de que se incumbiu, ódio que teria resultado num desejo de vingança póstuma? Mas vingança contra quem? Seu gesto pune alunos e pais, pune professores pune a própria sociedade. Ou estamos, quem sabe, diante de um exemplo de vaidade exacerbada, um ciúme patológico que não admite a outros desfrutarem de sua obra sem a sua presença física a cobrar reverência, reconhecimento? Freud saberia explicar?
Tal mistério só um Sherloch Holmes poderia decifrar. É muito difícil descobrir agora os motivos que levaram Madalena Kaln a decretar a pulverização de tudo que construiu, atitude que vai resultar, certamente, no apagamento de seu próprio nome em nossa memória, já que, agora, ele só nos trará amargas recordações. É um segredo que leva consigo para debaixo da terra. E que esta lhe seja leve.
A criatura humana é um ser contraditório. O fazer convive dentro de nós com o desfazer, o ser com o não ser, e não em perfeita harmonia. A humanidade construiu através dos tempos uma civilização que, quanto mais se desenvolve cientificamente, mais perto chega de sua própria destruição.
Que me desculpem a descabida digressão pseudofilosófica. Tia Madalena me deixou meio abitolado. Por acaso acredito, um dos colégios a serem extintos se chama “Chapeuzinho Vermelho” e remete à fábula. A menina do chapeuzinho vermelho foi levar frutas para sua avozinha e acabou sendo devorada pelo terrível lobo que ocupou o lugar dela.
Nessa nova versão convenientemente atualizada, é a avozinha que come a menina.
Autor Desconhecido