Suspiro
A saudade deve morrer.
Aliás, temos todos enorme prazer em matá-la. Mas de que adianta, se ela ressuscita? Talvez demore mais de três dias, talvez não. O que importa é que ela sempre vai ressuscitar, até nunca mais morrer. Nesse sentido, a saudade é uma gata bizarra, que depois de morrer sete vezes, lateja vida.
Sau-da-de.
E então a saudade é o tempero do tempo. É inorgânica e, no entanto, dá gosto a vida. A saudade se seca, acumulada, no calor abafado da memória. Eu como a saudade e ela me dá sede: uma sede de lágrima. E, chorando, eu descubro que o ciclo da saudade, que vira água.
Mas saudade também pode me trazer uma alegria delicada. Fica assim, que saudade é sintoma de amor. Amor pelo que não está; embora possa estar sendo, em algum outro lugar. É lembrança sutil do que foi e expectativa do que é sem que se saiba claramente como esteja. É amiga do tempo e é amiga do espaço e é filha de gente.
A Saudade é lasca...
É apelo da eternidade, a saudade.
¹[Minha mãe disse: se a vida te der um limão, faça uma limonada. Eu fiz suspiro.]
²[Leandro, morrendo de saudade de você. Esse texto existe porque você está longe.]